sexta-feira, junho 13, 2008

Obrigado!


Depois de meses à procura da perfeição de cada verso, da irrepreensível harmonia de cada estrofe, depois de inúmeras correcções e revisões, entreguei-te todos os poemas que guardo há anos num velho caderno de capa preta.
Antes de te deixar espreitar para dentro de mim, falei-te do quanto a tua opinião era importante. Leste as primeiras páginas ao meu lado e sorriste, enquanto fechavas o caderno e me dizias que escrevia muito bem, mas que isso eu e toda a gente que ouve a minha música já sabia. Obrigado! Sufoquei as lágrimas na garganta e sorri.
Nesse instante soube que não me leste. Se o tivesses feito, saberias que são bem diferentes das músicas que escrevo. Essas espelham apenas sentimentos camuflados, apenas aquilo que os outros querem ouvir, o que por vezes os espartilhantes acordes da guitarra do Kapa decidem. Se o tivesses feito, saberias que eu queria que soubesses de mim tudo o que mais ninguém sabe... Mas não quiseste. Não me procuraste em cada linha, não me encontraste em cada verso, não me sentiste em cada vírgula... Não soubeste todas as vezes que os aperfeiçoei até os sentir perfeitos aos teus olhos, não soubeste as palavras que tantas vezes eu ansiei ouvir-te dizer... Obrigado!
Sorri. Como sorrio e agradeço depois de um concerto em que todos sorriem e eu me sinto morto por dentro.
J. T.

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