terça-feira, abril 26, 2011

Até quando?




Passam anos, meses, semanas, dias, horas, minutos e segundos... A memória trai-me e de vez em quando volto a sentir que me arrancaste a alma e fizeste dela um farrapo velho, sujo e gasto.
Fecho os olhos e espero que a dor passe, que me deixe sozinha de uma vez, que leve consigo as lágrimas e as cinzas.
Cedo à incongruência desta espécie de limbo que não me deixa chorar e não me deixa sorrir...
Cedo à fragilidade das minhas decisões e fico contigo...
Cedo à incompreensão das minhas escolhas e decido calar-me... sem respostas...

quinta-feira, novembro 25, 2010

Time is runnig out

Escasseiam os minutos para te dizer que te quero...
Os segundos para poder estar contigo e aproveitar cada momento fogem-me entre os dedos cansados das mãos.
Perco o tempo para pensar em ti com assuntos ....o....b....r....i....g....a....d....o....s.... e gastos. Corro atrás das horas que passámos juntos para te manter por perto quando te afasto.
Falta-me tempo... para te dar mão e voar contigo.

quinta-feira, março 18, 2010

À tua espera



Num canto exíguo da minha alma, guardo os sentimentos que só a ti pertencem. Escondo a vontade de te abraçar, coro com o desejo de te beijar e anseio poder falar-te de nós um dia. Um nós que só existe para mim, que tu desconheces, que eu desejo e tu negligencias. Um nós que te mantém longo de mim, que nos afasta e que me prende à vida, à tua espera...

sexta-feira, março 12, 2010

Porque sorris e me esvazias a alma


O relógio marca quinze minutos para a meia-noite. Sentei-me no chão à espera que tu chegasses. Pensei em todos os momentos que passámos juntos, nos bons e nos maus. Lembrei os teus gestos, o teu sorriso, as tuas palavras, sempre tão assertivas e sinceras. Tenho saudades tuas... Daquelas saudades que doem cá dentro, daquelas saudades que nos asfixiam e nos sepultam aos poucos. Saudades do teu cheiro, dos teus braços, das tuas piadas sarcásticas e surreais, do teu sorriso...


A chuva teima em cair lá fora, apressada para chegar a algum lugar. Queria-te aqui comigo... só para mim. Uma existência secreta e egoísta. Queria que fosses só meu. Poder ter-te quando tivesse saudades tuas ou quando simplesmente quisesse ver-te, porque preciso de um abraço ou porque te quero ver sorrir.


Lá fora, um carro. A minha pulsação acelera e engulo em seco. Quero ver-te outra vez... Quero estar contigo só mais uma vez. Quero perder-me no teu olhar, que me desarma e me deixa sem norte. Que me espanta e me mata...


quinta-feira, dezembro 17, 2009

Amote...



"Não percebo porque é que o amo-te se escreve desta forma: amo-te, quando deveria ser desta: amote. O amo-te não deveria ter hífen ou tracinho, como se costuma dizer. O amote que eu falo, este, não deveria ter espaço para que nehuma letra respirasse, para que ficassem ali as letras apertadinhas de forma a não caber mais nehuma, porque a verdade é que quando se ama alguém não cabe mais ninguém ali, porque não há espaço, porque as letras estão literalmente sufocadas por essa palavra que se deveria escrever apenas e só assim: Amote."
Fernando Alvim

quinta-feira, novembro 05, 2009

Para ti



Ainda sonho contigo. Nos meus sonhos és sempre o homem terno e carinhoso por quem me apaixonei. O homem que me compreendia como ninguém, que me entendia, que sorria e sofria comigo, que desesperava e acreditava ao meu lado. Falava contigo quando queria chorar, quando quase explodia de alegria, ou só porque sim. Tu estavas sempre lá. Eu estava sempre aqui para ti...


Agora ages como se eu nada significasse para ti, deixámos de ser nós... Tu mudaste, eu mudei, é certo. Mas o tom acusatório com que me atiras à cara um sem número de coisas que eu fiz e, principalmente, que deixei de fazer, leva-me a crer que não tens noção de como estás diferente... Tu mudaste... mais do que eu. Tornaste-te narcisista, mesquinho e frio. Demasiado orgulhoso para precisares do apoio de alguém. Demasiado senhor de si para voltares a aninharte nos meus braços.


Já não te conheço... Não sei em que altura te perdi ou quando passei a ver-te como um quase estranho, mas neste momento não te conheço, não gosto da pessoas que és.

segunda-feira, agosto 24, 2009

Por um fio...



Cansada de falhar, uma e outra vez, não por culpa sua, entrega-se, vencida, e desiste de lutar pelo que quer que seja, desiste de sentir... Cloto começou a tecer o fio da sua vida num dia pouco afortunado...

Enquanto Láquesis se diverte a enrolar o fio da sua vida, já tecido na Roda da Fortuna, ela tenta recompor-se, uma e outra vez, de cada golpe que a Sorte lhe disfere. Espera poder ser ela a decidir, sem compreender porque tudo lhe foge entre os dedos, desejando apenas ser dona do seu próprio destino. E quando parece que tudo está no seu devido lugar, quando a Sorte parece decidida a dar-lhe o que ela realmente merece, o fio da sua vida deixa de ter um lugar privilegiado no tear e tudo volta ao início...

Cansada de chorar sempre as mesmas lágrimas, vive à mercê do atribulado humor das fiandeiras, à espera que deixem de se divertir com as suas quedas. A custo, volta a erguer-se, uma e outra vez. Podem fazer da sua vida um verdadeiro joguete, podem usá-la como uma marioneta inerte e apática, mas não a podem impedir de voltar a levantar-se. Enquanto Átropos não cortar o fio que a une à vida, continuará a erguer-se, agarrada a uma réstia de esperança... Um dia, vai ser ela a decidir...

segunda-feira, agosto 17, 2009

"Nódoas negras sentimentais"


Todos nós temos marcas deixadas por contos de amor sem final feliz, histórias mal resolvidas ou que nunca chegaram a começar. Há quem coleccione pequenos hematomas sentimentais, que desaparecem passado algum tempo. Muitos sofrem com a dor causada por verdadeiras feridas incisas, que, por vezes, deixam profundas cicatrizes. Há também quem se queixe de verdadeiras fracturas expostas, de cheiro pútrido, que nos perseguem durante anos sem cicatrizar. Estas são as mais difíceis de curar. E passados uns anos, quando pensamos que já recuperámos, voltamos a sentir a mesma dor lancinante, que nos faz cerrar os pulsos e tentar aguentar, calados, aquele sofrimento tão familiar e indesejável.


Eu tenho algumas cicatrizes que fui coleccionando ao longo dos anos. Umas profundas, outras quase superficiais, no entanto, lembro-me o que causou cada uma delas. Lembro-me de cada marca, cada golpe, cada queda... São bem diferentes daquela cicatriz que tenho no joelho; lembro-me dela desde sempre, mas já não sei como nem porquê ela apareceu. Perguntei à mãe, e ela também não se lembra: "Sei lá eu! Andavas sempre a magoar-te!" Destas, eu lembro-me de todas, sem precisar que ninguém me lembre porque raio anos depois ainda dói...
- Parece que continuo a magoar-me com muita frequência, mãe.
- Deixa lá, filha. Isso passa, passa sempre.
- Já estou demasiado danificada para tentar "sarar as feridas e recomeçar"...

S.M.

quinta-feira, julho 30, 2009

5. Perspectiva bidireccional

Hoje beijámo-nos... Aliás, acho que fui eu que o beijei a ele... Pelo menos fui eu quem deu o primeiro passo.
.
Já tínhamos ficado várias vezes presos a um quase beijo, entre sorrisos e olhares embaraçados, mas nunca ninguém se atrevia a fazê-lo... Sabes como eu sou... deixei-me levar e aconteceu... Eu sabia que ele nunca iria fazê-lo, já o conheço demasiado bem. Tem namorada, para todos os efeitos, e, além disso, é demasiado cauteloso e ponderado para tomar a iniciativa de se envolver com alguém... principalmente comigo... Acho que o assusto... Já te disse, mano, eu não sou o tipo de rapariga para quem o J. olhe duas vezes na rua. Tenho um aspecto demasiado normal para ele, sou exactamente o oposto daquilo a que ele está habituado. Acho que é isso que o confunde e simultâneamente o deixa fascinado.
.
O J. está habituado a miúdas de cabelos compridos, branquelas e vestidas de preto. Eu sou o oposto disso tudo... Nem sequer temos muito em comum. Acho que só mesmo o género de música que ouvimos, e mesmo assim passamos horas a discordar um com o outro relativamente às incomparáveis prestações de Tarja ou Anette como vocalista dos Nightwish. Discordamos acerca de quase tudo, mas entendemo-nos bem, apesar de tanta divergência. Acho que nem ele próprio entende que raio viu em mim! Tal como eu também não entendo porque me fui envolver com um tipo como ele...
.
Não posso dizer que está perdidamente apaixonado por mim, tal como eu não estou perdidamente apaixonada por ele, mas sei que mexo com ele, tal como ele mexe comigo. Não sei se da mesma forma, mas sentimos alguma coisa ou pelo outro. E o beijo de ontem foi a prova disso mesmo.
.
Pela primeira vez depois da morte do Pedro senti que beijar alguém fazia sentido. Não te sei descrever o que aconteceu de outra forma, mano, mas senti um perfeito equilíbrio enquanto nos beijávamos, como se não estivéssemos a cometer um erro e o J. não tivesse acabado de trair a namorada por causa de um impulso meu... Limitámo-nos a sorrir um para o outro e eu saí do carro sem dizer uma única palavra... Eu e as minhas atitudes maduras e racionais! Aos 29 já devia ter mais juízo...

Não sei como vai ser amanhã... Nem sequer sei ao certo se ele ainda anda com a tal Rute. Nunca mais falámos disso. Mas não deve gostar muito dela. Isso ajuda a que não me sinta tão culpada...

S.M.

.

.

.

- Vou acabar com a Rute, Kapa...

- Agora? Tens a certeza, meu?

- Tenho. Já o devia ter feito há mais tempo, faltaram-me tomates para o fazer... Já sabes como eu sou...

- Andas com a Sílvia?

- Não sei... Ontem beijámo-nos. Aliás, ela beijou-me. Acho que foi o empurrão que precisava para acabar com a Rute. Acabaram-se as dúvidas.

- Tu é que sabes, meu...

- Pode não dar em nada com a Sílvia, mas a verdade é que já não faz qualquer sentido eu continuar com ela... Cada vez me convenço mais que foi um erro andar com ela...

- Porquê? Não venhas com essas cenas! Tu gostavas dela meu.

- Pois gostava, Kapa. Mas acho que só deixei que ela se aproximasse de mim para ver se esquecia a Andreia. E depois, até era bastante cómodo andar com a Rute. É uma miúda fixe, não me exigia muito, mas também não dava muito de si... Acho que nunca nos percebems muito bem um ao outro. Ela nunca me entendeu e nunca fiz grande esforço para que isso acontecesse... Mas, não a culpo, não tem nada a ver!

- Então, mas gostas mesmo da tal Sílvia?

- Não sei muito bem... Acho que sim. Ainda estou a tentar perceber o que sinto por ela e a tentar percebê-la...

- Acho que estás apanhado, meu!

- Sei lá, Kapa... A Sílvia é diferente de todas as miúdas com quem já me envolvi... Há qualquer coisa nela que me desconcerta... É o tipo de miúda que aprentemente não me diz nada, mas assim que a conheci... Ela fez-me olhar para as minhas convicções e verdades de uma outra forma. Aparentemente nem temos muito em comum... Até hoje não percebo por que raio fiquei a olhar para ela naquele dia... E depois, tê-la encontrado naquele bar... Tu sabes que não acredito nessas merdas, mas não deixa de ser estranho... É como se ela me visse de uma forma diferente das outras pessoas. Não estou habituado a que me deixem desarmado, e ainda não lido bem com isso...

- É melhor falares com a Rute... É melhor para os dois... Se já não gostas dela...

- Sim, falo com ela hoje. Acho que ela fica bem, é isso que me deixa mais tranquilo...

terça-feira, julho 28, 2009

Em cada sorriso silencioso...



Escondes-te atrás de uma postura de menino crescido e muito seguro de si, mas não passas de um miúdo perdido à procura de alguém que te dê colo, de alguém com quem conversar quando chegas a casa cansado, de alguém a quem te abraçares quando acordas durante a noite. Precisas sobretudo de alguém que cuide de ti, mas que também te deixe cuidar dela. Precisas te ter alguém para proteger, mas que também te saiba proteger a ti, que te abrace quando te sentes perdido e te faça sentir pequenino e seguro quando te envolve nos seus braços.


Tens um dos olhares mais simples e transparentes que conheço, talvez por isso seja tão fácil olhar para ti e ver-te como tu és. Às vezes olho-te e vejo um jogo de contradições, de incongruências e paradoxos. Conjugas na perfeição a tua visível força exterior com uma delicadeza quase inocente. À primeira vista, o teu olhar de zangado quase consegue enganar os mais distraídos e depois vem a surpresa quando te vemos sorrir. O teu olhar consegue ser tão meigo como o teu sorriso, capaz de nos desarmar ao primeiro esgar.
S. M.